crônica do Paulo Vítor


Quando eu era mais novo gostava de jogar bola. Só queria me divertir. Brincava com meu irmão e minha irmã, junto da minha mãe. Jogava queimado, vôlei, pique-bandeira. Enquanto meu pai ficava no bar da Malvina se embriagando, minha mãe colocava a gente para dormir, mas quando meu pai chegava em casa, ele sempre arrumava confusão.
Quando eu acordava, encontrava minha mãe chorando no canto do quarto frio que dava um ar sobrenatural. Eu era pequeno, mas já sabia o que era sofrimento. Olhava nos olhos da minha mãe e via o desespero, a dor de uma mãe que sofre em silêncio para sustentar seus filhos. Eu não sabia o porquê. A minha mãe chorava e eu sentia a dor dela, queria ajudá-la. No entanto, não sabia como. Pensava que a culpa era minha -  e não era.
Quando meu pai chegava, mais intrigas e discussões. Certo dia ele chegou pior, com um olhar de ódio. Bateu tanto na minha mãe, cortou o cabelo dela com o facão e eu e meus irmãos tentávamos impedi-lo, mas ele era incontrolável. Não tinha jeito, ele batia nela sem parar e eu e meus irmãos gritávamos: “pára, pai; pára, pai”. Nada adiantava. Quando ele parou, minha mãe resolveu mudar de vida e começou a ir para a igreja. Lá ela conheceu alguém que prometeu mudar a vida dela. Ela conheceu o meu padrasto, casaram-se e a nossa vida continua melhorando. Saímos da Malvina e fomos morar na Piracema que é um bom lugar para recomeçar.

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